quinta-feira, 13 de outubro de 2011

mexendo o lodo guardado,


E restaura em mim o velho e o novo - essências mofadas, o verbo fundindo.
Uma nova canção para alegrar velhos corações.
Uma mudança maior que já passou, uma fase velha que nunca vai acabar.
Fases são lineares demais. A essência não é linear demais. Nem o tempo. Nem o verbo.
E esse assombro corre um pouco dentro do peito, dentre as pernas e pelos dentes. Roendo cada resquício de sanidade, cada pedacinho de vontade existente.
Respirar. Expirar. Respirar. Gritar. Respirar. Alcançar. Correr.Expirar. Apertar. Expirar. Amar.
O verbo lindo. Vira carne, vira alma, vira gente.
Vira amor. E amor corrói. Corrói tão fundo que muda tudo.
E quando tudo está corroído ao redor, eu sei que nada mudou.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010

Um ano bom por ser ruim, sem mais.

sábado, 18 de dezembro de 2010

sobre você



Saturada, satisfeita.
Com difusas cores pintando as bordas desse cenário.
Um lindo novo cenário.
E então o show irá recomeçar - pressinto as cortinas se abrindo 
Caminhado, correndo, com passos atrasados se entrelaçando. 
Destinos enroscados a meia-noite - e então você do meu lado. 
Todo o puro dissabor se dissolve em mil armadilhas. 
As correntes de antes reatadas ao menor toque. 
E a verdade, absoluta e sorrateira, se abate sem indulgência sobre nós. 
Sempre foi e sempre vai ser.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

gelo na neve.



 Ridiculamente nublada, de forma que os raios do sol nunca sobrepunham se as camadas das grossas nuvens, mas ainda  assim esses conseguiam iluminar de forma que cega e arrebata. Exaustivo, mas ainda belo. De uma forma singular e melancólica até. Mas ainda assim belo. Com uma neblina fina, atordoa, deixa para trás o antigo, apenas pelo fato de lembrá-lo que já é velho.
 O aroma doce inundando os pulmões desavisados, atordoando os e cansando os como elefantes brancos. A nuvem movendo se lenta, precipita-se sobre a cidade cinza. Pingando continuamente, difusamente. A calmaria entorpece.
 Olhe para a janela e aguarde o tempo. Gritando pelos cantos e ocupando tudo. Rinocerontes alados esvoaçam e derrubam suas penas sobre nós. O tempo deixou e expirou. Calados até o fim. O belo fim.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

eu creio que posso voar.







As minhas decisões me perdem e me confundem. Cheia de inércia, cheia de repulsa.
Já não sei mais o quão agradável aquela brisa no meio da tarde pode ser.
Já não sei mais o quão triste é não conseguir gritar quando tudo parece ter se despedaçado.
Como nunca conseguir saber? Jamais descobrir o que habita no todo?
Cansada. A paranóica já ganhou sua carta de alforria para os limites além desse corpo.
Incrível e bonito. Mas não muito.
Ver para crer é hipocrisia disfarçada de racionalidade, e o medo pela mudança é esta nos mostrando como realmente somos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Puramente existencial.




Eu quero mesmo é o gosto da liberdade sussurrada e ruidosa soprando insistentemente contra a minha face.
De sentir a água escorrendo pelo rosto e então sorrir.  
Não me agrada aquela de modelo pré- fabricado e tão comum, que se tornou uma triste moda.
Aquela liberdade enrustida, onde não se ouve nenhum devaneio atroz. 
Eu procuro algo mais. Preciso me abastecer, usufruir daquela que eu mesma inventei.
Algo tão meu e tão novo que me faça corar de prazer e medo. 
Procuro algo mais destemido, escancarado e até mesmo escrachado. 
Um lugar onde eu não ignore o que os outros me falam, mas sim escuto com toda a minha atenção. 
Enumero os motivos e fingimentos daquele prelúdio, guardando para mim pequenas preciosidades. 
A brisa que  soprou em instante oportuno. Um raio de luz, que mesmo me ferindo os olhos, se mostra  belo e obsequioso. A congruência de formas que ainda não sei ao certo se são harmoniosas.
É isso o que eu quero. Ou pelo menos espero querer. 
E quando renovar novamente a promessa escondida em cada inspiração e respiração, espero que o vislumbre desta se mostre para mim, de forma prodigiosa. Pelo menos um pouco.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

miracles.


Me fundindo, te confundindo.
Deliberando sobre pessoas.
Sem ao menos saber que são mais do que corpos.
O mundo se mostrando irreal e injusto.
O torpor de um lugar abafado.
Aquela música muito alta.
Mas ninguém se importará com isso.
Pois é assim que as coisas são.
Sempre foi. Só seguindo em frente.
E então ninguém mais vai voltar a querer nos ver por aí.
Só seguindo em frente, cheios de recortes.
Meio calejados, meio santos.
Mas antes de tudo, só nós mesmos.